Apesar de não ser muito comum no Brasil, o dote é uma tradição em alguns países do mundo, como na Índia, por exemplo.

Mas, você sabe o que é o dote de fato? Ou como funcionava o dote? A Altar Alianças te conta melhor ao longo desse artigo.

Noiva segurando terço abraçada com pai, imagem em preto e branco
O dote de casamento, historicamente praticado em várias culturas, envolve a transferência de bens ou dinheiro da família da noiva para a família do noivo como parte do contrato matrimonial.

O que é o dote?

O dote é a transferência de algum bem dos pais da noiva, como casa, presentes caros ou dinheiro, para os noivos, assim que o casamento da filha ocorre.

Ele é uma transação de bens tradicional em alguns lugares do mundo.

Ao longo da história, o dote é visto como uma antecipação da herança que a noiva tem direito, usado para a nova vida de um casal recém-casado.

Dote de casamento em dinheiro e ouro
O dote de casamento, em muitas culturas antigas, servia como uma forma de garantir a segurança financeira da mulher no casamento, fornecendo-lhe recursos para o seu sustento.

Como funcionava o dote?

Usado por toda a Europa até meados do século 20, o dote era a transferência de parte dos bens dos pais da noiva para o casal, que está prestes a se casar.

Apesar de, teoricamente, esse dote ser destinado à filha que está se casando, normalmente quem controla essa herança antecipada é o seu marido.

Isso ocorre, até hoje, em alguns países, com destaque para a Índia.

Atualmente, a família da noiva passou a pagar o dote diretamente à família do noivo. Isso acontece para cobrir os custos do casamento, como também se transformou em uma fonte de renda.

Noiva correndo feliz e noivo correndo atrás dela
O dote muitas vezes refletia a posição social da família da noiva, sendo uma demonstração de status e riqueza que poderia influenciar a escolha de parceiros matrimoniais.

Quando acabou o dote no Brasil?

Até o final do século XIX (19), no Brasil, os pais da noiva pagavam o dote para o noivo antes do casamento, no intuito de que as filhas conseguissem bons casamentos, com homens de renome da sociedade.

Juridicamente, o dote era considerado como um adiantamento à filha da parte que lhe cabia por direito na herança deixada por seus pais.

Esse tipo de união predominou no Brasil do século XVII até a primeira metade do XX, quando algumas mudanças importadas dos países europeus, alteraram o pacto matrimonial.

Entre essas mudanças, podemos destacar o crescimento do individualismo e a separação entre os negócios e a família. Assim, o dote foi aos poucos deixando de ser um requisito indispensável para a realização dos casamentos.

Foi neste momento que os casamentos deixaram de ser vistos mais como uma questão de vínculo pessoal, do que como uma questão de bens, o que deu aos jovens maior liberdade na escolha de seus parceiros.

Noivo beijando testa da noiva
A prática do dote podia funcionar como um mecanismo de controle social, incentivando casamentos dentro de determinadas classes sociais e preservando a estrutura hierárquica estabelecida.

O que significa dote na Bíblia Sagrada?

Na Bíblia Sagrada, o dote poderia ser praticado de três maneiras diferentes:
● O noivo dava uma quantia ao pai da noiva em pagamento pelo valor que ele perdia com a saída da filha;

● O pai da noiva ou do noivo dava um presente ao seu filho, ou filha. Nos dias de Cristo, costumava-se tirar 10% desse dote para a noiva comprar alguns artigos de luxo para si. Normalmente, a quantia era suficiente para ela adquirir perfumes, joias e até dentes postiços;

● O noivo dava um presente à noiva, que também daria um presente ao noivo. O valor e o número dos presentes variam de acordo com o tempo, o lugar e as famílias envolvidas.

Duas alianças em cima de uma bíblia
O dote de casamento, em alguns casos, era uma maneira de facilitar a entrada da noiva na família do noivo, estabelecendo uma base econômica para sua integração na nova casa.

Como era a cerimônia de casamento no Antigo Testamento?

O casamento dos judeus era motivo de muita festa. Havia casos em que parentes viajavam longas distâncias para assistirem ao evento, e todos os amigos e vizinhos concorriam à casa.

Antes do casamento havia o cortejo nupcial. A noiva saia de sua casa acompanhada das pessoas que formavam o seu grupo, já o noivo vinha de outro lugar escolhido. O destino era a casa do pai do noivo.

Os dois grupos eram constituídos de amigos de cada um, que iam tocando instrumentos musicais ou cantando e espalhando flores pelo caminho.

Quase sempre, eles cantavam as tradicionais músicas de casamento.

Mesa de casamento com flores, pratos e talheres
“Em sociedades agrárias, onde a terra era um recurso valioso, o dote frequentemente incluía propriedades ou terras para garantir a subsistência do casal.

A noiva durante a cerimônia

A noiva, transportada numa liteira, estava sempre enfeitada e vestida com belos trajes e as joias mais vistosas que o casal pudesse arranjar. Era comum eles passarem muitos meses preparando as roupas para essa ocasião especial.

A noiva usava um véu sobre o rosto, que seria removido quando os dois estivessem a sós. Era possível que a noiva e o noivo ficassem sentados debaixo de um toldo durante parte da cerimônia.

Os convidados também usavam roupas festivas ou vestes nupciais.

Não havia a presença de um religioso ou juiz no casamento, sendo, pois, um paralelo da prática antiga observada por Isaque e Rebeca.

Ele simplesmente conduziu a noiva para a tenda de sua mãe, e assim se tornaram marido e mulher.

O casal se colocava diante dos amigos e parentes que recitavam passagens bíblicas ou textos da sabedoria tradicional.

Mas em vez de uma cerimônia silenciosa e reservada, o grupo participava do evento com muita alegria e animação.

Noiva segurando o buquê nas costas
A conscientização global sobre questões de gênero tem impulsionado esforços para abolir práticas como o dote de casamento, visando criar sociedades mais justas e equitativas.

O pós casamento no Antigo Testamento

Depois os noivos ficavam a sós para consumar a união em uma tenda ou quarto, previamente preparado para ser a câmara nupcial. E enquanto o casal consumava o casamento, os convidados continuavam a festejar.

Tocavam instrumentos musicais, dançavam, cantavam e faziam jogos. Comida e vinho eram distribuídos em abundância.

Algum tempo depois o casal saía da câmara nupcial trazendo provas de que a noiva era virgem, e de que eles haviam se unido.

A partir daí, os recém-casados se juntavam ao resto dos convidados, e as comemorações continuavam durante sete dias ou mais.

Homem segurando mão da noiva
Nos tempos antigos, o dote de casamento também era visto como uma forma de agradecimento à família do noivo por aceitar a responsabilidade de cuidar da filha.

Como funciona o Dote na Índia?

Na Índia, o dote representa uma recompensa financeira oferecida à família do noivo quando um casal oficializa sua união.

A transferência não precisar ser necessariamente dinheiro, mas também ouro, carros, propriedades imobiliárias, gado e outros ativos para a família do noivo como condição para o casamento.

Ao longo do tempo, o dote se tornou associado a casos de violência contra as mulheres, muitas vezes relacionada à coerção para obter uma quantia específica.

Esses crimes variam desde abuso físico até mortes motivadas pela insatisfação com o valor do dote.

Em resposta a essa realidade, a Índia promulgou a Lei de Proibição de Dote em 1961, impondo multas e penas de prisão mínimas de cinco anos.

Contudo, a ineficácia dessa legislação levou à introdução, na década de 1980, de seções no código penal que permitem acusar indivíduos de “morte por dote”, com penas mais severas, incluindo prisão perpétua.

Apesar das consequências mais graves, a prática do dote permanece arraigada na sociedade indiana, em 2019 houve mais de 13 mil registros de reclamações, incluindo mais de 7.100 mortes relacionadas ao dote, conforme o National Crime Records Bureau of India.

Casamento indiano, os noivos estão com as mãos juntas
Em algumas regiões, o dote de casamento foi proibido devido à sua associação com desigualdades de gênero, promovendo legislações que visam garantir a igualdade nos direitos matrimoniais.

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Fontes: Carta Capital, Rainhas Trágicas, Biblioteca do Pregador, Observatório do Terceiro Setor e Carta Capital.